Ações como desmatamento, queima de combustíveis fósseis e, consequentemente, o aquecimento do planeta estão tornando mais frequentes e extremos os eventos climáticos. Dados do relatório do Painel Intergovernamental sobre o Clima (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), indicam que a Terra está esquentando mais rápido que o previsto e se prepara para atingir 1,5ºC acima do nível pré-industrial até 2030, dez anos antes do esperado.
Pela emergência do tema e em alusão ao Dia Mundial do Meio Ambiente, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou estratégias a serem adotadas rumo à economia verde. A descarbonização é o pilar central dessa proposta.
De acordo com o professor de engenharia Flávio de Queiroz, a descarbonização tem como objetivo principal substituir as emissões de gases poluentes por fontes limpas e renováveis.
“A descarbonização visa reduzir os gases de efeito estufa, estes que promovem o aquecimento global, que atualmente é um dos maiores desafios a serem enfrentados, em relação às mudanças climáticas. A substituição das fontes tradicionais, que produzem poluição na sua geração por fontes mais limpas e renováveis, este é o principal aspecto na contribuição com a sustentabilidade”, explica.
A missão da descarbonização é sustentada por quatro pilares: transição energética, mercado de carbono, economia circular e bioeconomia. O gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, explica que a agenda da entidade voltada para a transição energética.
“Dentro dessa agenda, tratamos sobre eficiência energética, novas tecnologias como hidrogênio, verde e captura de carbono. Falamos também em como expandir as energias renováveis, como solar, eólica e biomassa e também como fortalecer a nossa política nacional de biocombustíveis”, afirma.
Como exemplo de eficiência energética, Bomtempo cita o projeto Aliança, que oferece uma chamada pública permanentemente para atender indústrias interessadas em reduzir custos de energia.
“Com pouco recurso financeiro aplicada aos processos de uma planta industrial, você tem grande economia de energia. Na primeira versão desse programa, o resultado foi que daria para iluminar uma cidade de 60 mil habitantes por um ano. Então, a gente lançou agora a segunda versão, ampliando o número de plantas industriais, cerca de 24”, ressalta.
Consolidar o mercado interno de carbono também é uma das ações propostas pela indústria no processo de descarbonização. “Defendemos um mercado regulado de carbono que nada mais é que um mercado que se conecte a mercados internacionais mais maduros. Que a gente possa fazer essa relação e contribuir para a redução de emissões quando se fala de NDC brasileiro (Contribuição Nacionalmente Determinada), aponta Bomtempo.
Segundo o gerente-executivo da CNI, um plano nacional de economia circular está sendo desenvolvido. “Hoje a gente já atua em agendas mais fragmentadas, mas o que é altamente correlacionado com a economia circular. Posso citar aqui tanto a reciclagem quanto a logística reversa, mas a gente sabe que a economia circular é muito mais do que isso. A gente precisa olhar também para o ecodesign em outros ciclos como remanufatura, reuso, recirculação e recuperação energética”, diz.
Bomtempo ressalta que adotar ações de bioeconomia pode contribuir para o desenvolvimento do país, gerando emprego, renda e inovação. “Do lado do setor privado endereçar ações de bioeconomia, faz bastante sentido para você gerar renda, gerar riqueza a partir da exploração sustentável, dos recursos biológicos, seja numa agenda, seja no setor de cosméticos, de fármacos, de alimentos. O importante é que a gente possa oferecer alternativas, quando se fala de exploração dos recursos naturais no Brasil”, afirma.
Para Bomtempo, a biodiversidade do Brasil coloca o país em uma posição privilegiada, quando se fala em direcionamento de investimentos.
“Hoje a gente tem várias vantagens comparativas. Ou seja, temos uma matriz energética elétrica bastante limpa, temos uma indústria que consome muita energia, mas que emite pouco. Temos uma posição de segundo lugar quando se fala da agenda de biocombustíveis, 20% da biodiversidade do mundo, 15% só na Amazônia. Também temos uma das maiores reservas de água doce do mundo. O que precisamos é pavimentar esse caminho, em termos de arcabouço regulatório, de capacitação, de financiamento”, aponta.
Dia Mundial do Meio Ambiente
Nesta segunda-feira (5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou novas medidas para o setor, na cerimônia em alusão ao Dia Mundial do Meio Ambiente. Além de retomar o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal, extinto em 2019, o presidente assinou diversos atos e decretos, como a medida que institui o Conselho Nacional para a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em Belém (PA) em 2025, e o decreto que prevê o Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou o compromisso do governo com a sustentabilidade. “Esse dia é um dia para reafirmar o compromisso com agenda ambiental, desmatamento zero, enfrentamento da mudança do clima, a transição ecológica para um modelo sustentável de desenvolvimento, uma política ambiental transversal e o fortalecimento do sistema nacional de meio ambiente, inclusive da retomada da criação das unidades de conservação.”
Fonte: Brasil61