A Equinox Gold pretende colocar em produção, até 2028, a lavra subterrânea na mina Aurizona, localizada em Godofredo Viana, no estado do Maranhão, onde a empresa já realiza a lavra a céu aberto, produzindo a uma escala de 120 mil onças de ouro por ano. De acordo com César Torresini, VP de Public Affairs e Permitting da Equinox Gold no Brasil, a implantação da mina subterrânea deve se iniciar em meados do próximo ano e a previsão é que seja investido um valor da ordem de R$ 900 milhões.
Ele informa que a empresa colocou em operação recentemente uma outra mina satélite em Aurizona, para exploração do depósito Tatajuba, próximo ao corpo principal, o Piaba. Este novo depósito que entrou agora em produção é resultado do trabalho de exploração que a empresa vem realizando e que já adicionou vários alvos, que aos poucos vão se transformando em minas.
“Nós recebemos a portaria de lavra em agosto do ano passado, fizemos o licenciamento ambiental e entramos em produção este ano, gerando mais minério para alimentação da planta. Este é um ponto positivo, porque a lavra em Piaba já está a certa profundidade, portanto o material é mais rochoso”, diz o executivo. Com o minério de Tatajuba, que é um material saprolítico, proveniente da lavra inicial, a empresa está fazendo um blend, o que favorece a operação de moagem na planta de processamento. A Equinox Gold já está fazendo, inclusive, uma atualização do novo PAE (Plano de Aproveitamento Econômico), porque o corpo está sendo ampliado com mais sondagens.
“Estamos trabalhando também numa outra área, que denominamos Genipapo, cujo relatório está sendo entregue à ANM (Agência Nacional de Mineração). Também devemos entregar brevemente o PAE também para esse corpo satélite, que deve entrar em operação em 2027”, acrescenta Torresini.
Ele acrescenta que todo esse trabalho tem contribuído para aumentar a vida útil da mina em Aurizona. Inicialmente, previa-se que a vida útil, com a lavra a céu aberto, iria até 2026. Mas depois, quando a empresa fez o PAE acrescentando os recursos e reservas da mina subterrânea, o prazo foi estendido para 2032 e agora, com as sondagens adicionais que estão sendo realizadas, a previsão é que a lavra em Aurizona pode se estender até pelo menos 2037.
“Estamos vendo, pelos perfis geológicos, que o corpo continua em profundidade, sendo muito semelhante aos depósitos que existem em Minas Gerais. Assim, o que estamos prevendo é que podemos ter entre 20 e 40 anos de mina subterrânea, porque chegamos a um ponto agora em que não temos mais como fazer sondagem do corpo a partir da superfície, para bloquear esses recursos e reservas em profundidade, que estão a mais de 1 mil metros. Então, à medida que vamos aprofundando a lavra, fazemos mais sondagens, acrescentando novas reservas”, observa o dirigente, acrescentando que, nesse aspecto, Aurizona lembra Fazenda Brasileiro, um outro ativo da Equinox Gold, na Bahia, que nos anos 1980 se previa que tinha reservas para 10 anos de operação e a mina continua produzindo até hoje.
“À medida que se foi aprofundando a mina, foram sendo acrescentadas reservas e hoje já se tem mais de 40 anos de operação. Então, a perspectiva lá em Aurizona é para o longo do prazo e isso se reflete em benefícios para todo mundo, porque a área noroeste do Maranhão, onde a Aurizona está localizada, tem desenvolvimento precário. E com a presença da nossa atividade no local, temos feito girar a economia, gerando benefícios sociais, impostos, impulsionando a arrecadação do município. Para se ter uma ideia, entre 2017 e 2023, nós aportamos, só de ISS (Imposto sobre Serviços), R$ 77 milhões para o município. É um imposto que foi direto para o município de Godofredo Viana, uma cidade de apenas 10 mil habitantes. Além disso, foram mais R$ 42 milhões de CFEM, porque começamos a produzir em 2019. Sem contar que o município recebeu, do Fundo Participativo da União, um total de R$ 14 milhões em 2023. Então, nosso projeto tem um impacto muito grande na região. E penso que Aurizona tem um futuro longo pela frente”, diz Torresini.
A mina de Aurizona foi operada pela Luna Gold, entre 2010 e 2015, quando a empresa pediu a suspensão da lavra, porque na época o preço do ouro estava baixo e a planta não apresentava produtividade, porque não tinha moinhos, pois a planta previa apenas o processamento do material saprolítico. Mas quando começou a ser lavrado o material de transição, o rendimento da planta baixou, assim como o preço do ouro, e a empresa pediu a suspensão da lavra e partiu para a busca de investidores interessados no projeto. No final de 2016, segundo Torresini, a Equinox Gold entrou e aportou R$ 750 milhões para efetuar a reforma da planta e instalar os moinhos (de barras e de bolas). Em 2019, a Equinox Gold concluiu a implantação e começou a produção comercial, em julho daquele ano e desde então vem produzindo a uma média de 120 mil onças por ano, alimentando 3 milhões de toneladas de minério por ano na planta.
Veja a entrevista completa na edição 443 de Brasil Mineral